Homens. É um ser do cão. Só dizendo assim.
Estava eu no ônibus indo para a faculdade. A gente vê é coisa nos “buzus” dessa cidade. Dois rapazes conversavam atrás de mim, um falando mais do que o outro, conseqüentemente, chamando mais atenção que o outro. Ele cantava uma das maiores obras da Cássia Eller, Malandragem, e dizia: “eu ando nas ruas, eu troco cheque, mudo uma pranta de lugar...”. Pensei “miiisericórdia, que porra é essa?!” e ri muito depois. Engraçado como essas coisas que deveriam servir de motivo para revolta e discursos sobre nosso sistema educacional exemplar, nos faz rir e comentar com fulano, sicrano, e faz uma “eu-ninguém” escrever sobre isso e rir ao mesmo tempo.
A vida é uma piada mesmo. Uma piada muito boa e de mau gosto.
Bom, isso tudo foi um parênteses. Voltando ao que eu ia falar.
Uma mulher levantou para descer do ônibus e o cara da “pranta” comentou com o colega: “Ó pra li rpz!Aquilo que é mulher!Grande, alta, mulher boa é mulher grande! Só precisa colocar mais um pouco de batata, mas também não tem problema, o que me interessa tá mais em cima: o butuim!”. Sabendo do que butuim se tratava, fiquei boquiaberta com aquele comentário...no mínimo esdrúxulo. Como nós estamos hein?! Em que mundo vivemos? Em um mundo em que o homem olha uma mulher na rua e diz bem perto do ouvido dela “gostosa”, tão perto e tão puxando o s que chega a cuspir na cavidade auricular da cristã. Eu pensei “Deus do céu! Quantos homens não comentaram do meu butuim?!”, isso é constrangedor.
Você se sente um pedaço de carne e vê esse pilantra-pensador-com-a-cabeça-de-baixo como um cachorro pronto para atacar. Você é o filé, ele o vira-lata. Você é o peixinho perdido no recife, ele o tubarão procurando algo para saciar a fome. Dramático né? Eu sei. O fato é que eu fiquei me questionando de quem seria a culpa. Dos homens e do seu instinto de cafajeste, intríseco à sua genética? Ou das mulheres que resolveram usar a teoria de que o homem se adapta ao ambiente em que vive?
O fato é que o ser humano tem me surpreendido e me enojado cada vez mais. Os homens principalmente. Onde ficou o sentimento nessa sujeira toda?Onde ficou o vamos ser felizes para sempre, o eu te amo, o amor da minha vida? Nós trocamos momentos que poderiam se eternizar, não pelo tempo físico, e sim, pela intensidade com que ocorreram por momentos que são “só carne”. Será por isso que os casamentos têm durado tão pouco? Por serem construídos em bases tão sólidas quanto papel?Tão difícil dizer. O fato é que corpo, sexo, tudo isso é muito bom, mas se concentrar só nisso e de forma vulgar e pejorativa, não faz muito bem. Seu órgão genital talvez discorde e até fique com ciúmes, mas o prazer não está só nos países baixos.
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