sexta-feira, 25 de abril de 2008

Falta ética [Nanda]

Sensacionalismo ou jornalismo? É o que se questiona de programas populares na Bahia como o Se liga Bocão (TV Record), Balanço Geral (TV Record) e Que venha o Povo (TV Aratu). Mãe desesperada porque mataram seu filho inocente, aquele que precisa de uma cadeira de rodas, criança abandonada pela família sem ter aonde ir, o que passa fome, a que precisa de uma dentadura, de um emprego, enfim uma série de questões assistencialistas que esses programas insistem em definir como jornalismo.

O papel desta profissão é buscar a verdade e através dela construir uma discussão. Há quem diga que esses programas são jornalísticos porque vão em busca da realidade e a trazem à tona. Utilizar a miséria alheia em busca de fins mercadológicos é o papel ético que o jornalismo deve assumir? A ética precisa fazer parte de toda e qualquer profissão e no jornalismo, por se tratar de uma prática que envolve a vida das pessoas ela precisa marcar presença. É sensacionalismo, sim, trazer uma mãe “em estado de choque” para frente das câmeras e fazer com que ela conte como foi que mataram sua filha de quatro anos em frente à sua casa.

A falta de compromisso com os princípios éticos da profissão é grande, a exemplo disso, na estréia de seu programa, Casemiro Neto (Que Venha o Povo) foi pego, inesperadamente, rindo das pessoas que conversavam com Zé Bim nas ruas em busca de assistência. Estamos falando de exposição da realidade ou de ridicularizarão da miserabilidade em que vivem as pessoas mostradas na tela por estes programas? De fato a mídia preocupa-se cada vez menos com a informação e busca o entretenimento.

Distribuir ovos de páscoa na cadeia aos presos foi o estopim da busca pelo assistencialismo, e, pior, mostrar que os detentos não aceitaram a “boa ação” foi com toda certeza uma informação que vai mudar a vida do povo baiano.

O que vai agregar a vida das pessoas saber que presos se recusaram a receber ovos de chocolate na Páscoa? Nada. O dia em que as pessoas acordarem para realidade nenhum destes programas vai alcançar picos de audiência. Porque o jornalismo tem como função produzir um conhecimento e não alienar seus telespectadores, neste caso.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O show do jornalismo [Dri e Nanda]

O caso de Isabella Nardoni, 5, que chocou o país, ganhou força graças a mídia que assumiu mais uma vez o papel de promotora de justiça. A garota supostamente assassinada pelo pai e madrasta (Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá) é conhecida, hoje, por todos os brasileiros. O desejo da grande maioria é que se faça justiça àquele ser inocente.

O que devemos nos perguntar é se a nossa imprensa pode se colocar no patamar de julgar e condenar antes mesmo que os responsáveis de direito (promotores e juizes) o façam. Porque o que se viu desde o começo da divulgação do caso foi o direcionamento dos meios de comunicação a fim de condenar o pai e a madrasta de Isabella. E se eles fossem inocentes? Não estamos aqui para defendê-los e sim, para analisar a forma como a nossa imprensa costuma apelar ao sensacionalismo.

No filme O Quarto Poder de Costa-Gravas, nota-se a mídia, de novo, fazendo esse papel de juíza. O nome do filme já trás o porquê dessa prepotência desmedida. A mídia acredita ser o quarto poder do nosso sistema democrático. Onde estão os conceitos de imparcialidade, de que nossa função aqui é informar e não manipular? Somos formadores de opinião e não colocadores de cabrestos. O filme de Costas-Gravas mostra o quanto se pode errar (e até matar alguém) só pela ânsia de audiência, promoção e bons salários.

Certo. Melhor não compararmos o caso de Isabella com um fato fictício. E a Escola Base? Considerado “o maior caso de erro, leviandade, falta de ética ou coisa parecida que já aconteceu na imprensa brasileira na falsa acusação de pessoas inocentes” por Rogério Duarte, mestre em Direito. Trata-se aqui de uma denúncia de abuso sexual contra crianças desta escola. Aconteceu também em São Paulo e repercutiu no Brasil inteiro, em 1994, fazendo com que o prédio da escola fosse invadido e destruído. Além disso, a mansão onde os supostos abusos aconteciam foi descoberta e o proprietário foi desmoralizado em público. O que deveria ser apurado e tratado com ética se transformou em novela, em que todos queriam saber qual seria o próximo capítulo.

Qual o preço disso? Transformar a vida de um sujeito “de bem” em um verdadeiro inferno? Imagina - se o que os estudantes de jornalismo devem estar pensando vendo esse caso de 14 anos atrás se repetir: Vou estudar quatro anos, me formar, correr atrás de um bom emprego, para no final perceber, que bastava saber “falar mal dos outros” e ter um pouco de influência para estar apto nesse mercado jornalístico. Porque como diz Roger Garaudy: “A maldição do fatalismo reside no fato de que basta acreditar nele para que ele se torne real”.

E a almejada imparcialidade onde fica? É, de fato, parece que ela está cada vez mais distante dos jornalistas. Alguns costumam dizer aos “focas” (jornalistas iniciantes) que imparcialidade só se estuda quando está na faculdade mesmo, na realidade, ela passa bem longe do cotidiano destes profissionais. É por isso que a população esta pré-disposta a ver casos da vida humana tratados de forma tão sensacionalista e desprovidos de compromisso.

A prévia condenação de Alexandre e Ana Carolina pela imprensa brasileira prova que a sociedade nesse país tem que pensar de acordo com o mercado midiatico, sem ao menos, poder tirar suas próprias conclusões. É a mídia dominando todo um público, tratando o povo brasileiro como verdadeiros “hommers” não é mesmo William Bonner?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

O olhar...o fotografar...


Maravilha é esse momento!

Quando você vê algo que desperta seu interesse, ajusta o zoom, o foco e a fotometria, faz o enquadramento...não,não é assim...sim,desse jeito é melhor!

Maravilha é o ter o poder de parar o tempo, nas suas mãos. Ter o poder de guardar para sempre aquele gesto único, aquele sorriso inigualável, aquela tristeza visceral. Nada no mundo é tão especial, seja no negativo, seja nos recursos digitais, ela se faz incomparável.

Fotografar é paixão. É ver o que ninguém mais no mundo vê. Só você vê significado, valor. É sentimento transbordando através de um click.

É igual à frase que vi no álbum de uma colega de profissão:

"Seu amor e seu medo: é isto o olhar."