sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Entre chifrudas e ex-namoradas, salva-se quem tem vergonha na cara. [Dri]

Já escrevi sobre algumas coisas que aconteceram comigo, e juro para vocês que não queria ter que escrever sobre isso,mas...lá vai: descobri, há pouco tempo, que eu sou corna. Sensação indescritível. Talvez eu conseguisse passar bem se não fossem os comentários de um grande amigo meu e uma ligação com alguém nada nada convencional.

Quero falar duas coisas. A primeira é sobre o comentário desse grande amigo meu que disse o seguinte: “Pelo que me disseram dela, ela consegue o que quer...ela é toda ão, até eu fiquei com vontade de conhecer!”. Comentário impróprio, mas que me fez despertar para uma coisa: quer dizer que todo mulherão consegue o que quer? Se a Scheila Carvalho pode, porque a Gisele Bundchen (não sei como escreve isso!) não pode? Só por que é magra? Quem definiu que mulher bonita é mulher toda ão? Eu já estava com a auto- estima lá embaixo, isso me fez ficar mais baixa que o chão. Eu que levei tanto tempo para conseguir ver beleza na minha magreza, que levei tanto para me dar valor, perdi isso em questão de minutos. Que padrão de beleza é esse preso à essas convenções de mulher cheia de carne? Quantas vezes você não já ouviu algum infeliz dizer “é feia de cara, mas é boa de bunda”? E se eu não tiver bunda? E se eu for magérrima? Minha elegância não anula isso? Repare quando passamos na frente de um espelho como nos olhamos. Ajeitamos o cabelo e ficamos de lado para ver o quê? Para ver se a bunda está no lugar. E daí que ela é ão e eu sou inha. Existem coisas que só eu posso fazer. Já pararam para imaginar isso? Tenho uma prima que não obedece a nenhum padrão de beleza, mas é linda demais. Aprendi com ela a me dar valor, a me cuidar e a ser única apesar das diferenças. Somos todas mulheres, belas, guerreiras e o que devia pesar não é a bunda, e sim, o conjunto, dentro e fora. Sou “slim” sim, mas não é isso que me torna especial. Não é o fato de ser gorda ou magra, baixa ou altíssima. O que nos torna especial é o fato de sermos únicas.

A segunda coisa é sobre o que minha avó sempre me disse: não faça com os outros o que você não quer que seja feito com você. O que me consola quando me sacaneiam hoje em dia, é que o mundo dá voltas. Gente, é preciso o mínimo de caráter para se viver bem. E é preciso muita coragem para se admitir um erro e pedir desculpas por ele. Assim o fez quem me magoou. Teve dignidade o suficiente para me pedir desculpas e não teve medo de mostrar a cara para conversarmos pessoalmente. Acho que pelo fato de termos nos aproximado, acabamos tendo consideração uma pela outra o que prova um pouco de verdade em uma amizade julgada tão esquisita, entre atual e ex. Fico feliz que em tão pouco tempo, eu possa ter encontrado não uma amiga, e sim, uma pessoa merecedora de respeito, tão difícil nos dias de hoje. Que se cometam erros, todos nós somos passíveis deles, mas que saibamos reconhecê-los, admiti-los e pedir desculpas por eles. Você não perde a língua, pode perder um dente dependendo do que você fez, mas o fato é que você passa a ser uma pessoa melhor para você mesmo, que é muito mais importante do que ser melhor para os outros.

Cuidado com o movimento da terra, ele é cruel em certos pontos. E às vezes, mesmo que tenha se redimido do que fez, pagamos um preço alto por só pensarmos em nós mesmos. Digo tudo isso com conhecimento de causa. Se sou vítima hoje, é por que fui vilã um dia.

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