Por Carlos Brickmann em 21/10/2008 (Observatório da Imprensa)
Do lado de dentro do apartamento simples em Santo André, SP, a tragédia: duas meninas ameaçadas por um homem armado, que terminaria por matar uma e ferir a outra. Do lado de fora, a festa da imprensa: repórteres, câmeras, celulares, entrevistas ao vivo com o seqüestrador, que a cada instante se sentia mais poderoso, uma celebridade. E transmissões diretas, que permitiriam que o criminoso acompanhasse, minuto a minuto, as manobras da polícia.
A liberdade de imprensa não pode ser limitada: a Constituição não o permite, e represar informações vai contra o interesse do país. Mas liberdade de expressão não significa, por exemplo, que alguém deva gritar "fogo!" num estádio lotado. E liberdade implica responsabilidade. Quanto mais liberdade, mais responsabilidade. Teremos sido nós, jornalistas, ao elevar a auto-estima do criminoso, ao revelar-lhe a cada momento os planos da polícia, co-responsáveis pelo tiro em Nayara e pela morte de Eloá?
Há quase 60 anos, um filme clássico de Billy Wilder sobre a imprensa, A Montanha dos Sete Abutres, com Kirk Douglas, já narrava como pode ser nocivo o envolvimento dos jornalistas com os acontecimentos. Jornalistas devem reportar, não interferir. E colocando no ar, ao vivo, um maluco homicida armado, a imprensa interferiu nos fatos: transformou-o em famoso, inflou seu ego assassino, ajudou-o a se sentir acima do bem e do mal.
Não há ganho de audiência, nem de circulação, que valha a vida de Eloá.
"Pedras no meu caminho? Guardo todas. Um dia ainda vou ser badogueira."
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
"Quer meu celular,véi? Pode levar!"[Dri]
Fui assaltada. Chocante falando assim de sopetão né? Mas hoje em dia parece tão normal, ficou tão banal. Voltando, eu fui assaltada saindo do trabalho com uma colega. Levaram nossos celulares, o cara estava armado, não passou nenhuma viatura, e quando liguei para a polícia, ainda tive que ouvir da atendente que isso era cada vez mais comum. Coisas que acontecem todo dia e acabam virando estatística. Não registrei boletim de ocorrência por que...bom...vamos combinar: não adianta.
O que me revoltou mesmo foi que a mãe dessa minha colega, encontrou no mesmo dia um comandante da Polícia Militar e perguntou por que não tinha nenhum policiamento na rua e ele explicou: “Todos tinham trabalhado nas eleições e estavam descansando”. Nas entrelinhas: Acabaram as eleições, não tenho muito mais o que mostrar então que se dane a população.
Aonde vamos parar? Vamos continuar tendo a opinião de que compramos o celular para o ladrão levar? De que não podemos ter celulares relativamente bons, por que vamos ser assaltados? Difícil viver em uma sociedade onde a segurança foi banalizada.
É preciso saber direito em quem votar. Se bem que existe um bom candidato para votar, ou temos que escolher o “menos pior”? Estamos próximo ao caos. Quando chegarmos lá, estaremos comprando celular para o ladrão no nosso cartão.
O que me revoltou mesmo foi que a mãe dessa minha colega, encontrou no mesmo dia um comandante da Polícia Militar e perguntou por que não tinha nenhum policiamento na rua e ele explicou: “Todos tinham trabalhado nas eleições e estavam descansando”. Nas entrelinhas: Acabaram as eleições, não tenho muito mais o que mostrar então que se dane a população.
Aonde vamos parar? Vamos continuar tendo a opinião de que compramos o celular para o ladrão levar? De que não podemos ter celulares relativamente bons, por que vamos ser assaltados? Difícil viver em uma sociedade onde a segurança foi banalizada.
É preciso saber direito em quem votar. Se bem que existe um bom candidato para votar, ou temos que escolher o “menos pior”? Estamos próximo ao caos. Quando chegarmos lá, estaremos comprando celular para o ladrão no nosso cartão.
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